“Dói escrever pra ninguém ler”, como Declev diz. Eu sempre gostei de ler, desde moleque. Leio de bula de remédio à composição química de xampu no banheiro, quando a Turma da Mônica das crianças não está disponível. Até aquela bíblia que sempre deixam nos quartos de hotel eu leio. Daí pra gostar de escrever é um pulo. De nada adiantam os belos argumentos ou um conteúdo extraordinário se o leitor não for seduzido a ler o que foi escrito. E uma das formas mais eficientes – e, de longe a mais difícil – de conquista é a introdução do texto.
Tudo bem que tem vezes que a gente escreve apenas por escrever, e que se dane quem vai ler. Mas aprendi que existem algumas fórmulas que podem ajudar a seduzir na leitura de seus textos, nem que seja pela partilha da dor. Listo a seguir as que mais gosto e o que tem me seduzido pela blogosfera (detesto esse termo!).
Faça uma pergunta
Iniciar seu texto com uma pergunta além de usar nossa tentação natural pela curiosidade e despertar a atenção, também ajuda na sua argumentação: o desenvolvimento do texto fica mais fácil.
Bons exemplos:
Se é pra ser Miss Cangaíba, que seja com estilo
em Substantivolátil
Por que motivo, razão ou circunstância eu viria a me acabar de estudar na faculdade ou cuidar sempre de escrever textos no mínimo interessantes para a alegria geral da torcida, pra no final, acabar sem roupa numa revista? Sinto pelas campanhas, por quem se submete e por quem espera e pede que eu participe. Em puro e bom português: talento também se mostra com roupa. E comigo, SÓ assim. Então, se é que isso é uma campanha, é aquela que nada contra a maré blogosférica. Playboy my ass, eu quero sair é na Rolling Stone! E tenho dito…
Ou:
Severino’s Full Adventures
em ContraditoriumVocês assistiriam um programa mostrando o dia-a-dia de um peão de obra? Ou as aventuras de pescadores da Colônia Z11? Ou o trabalho de construção da Vila do Panamericano? É, eu também não…
Comece com uma narração
Essa é campeã. Iniciar o seu texto com uma narração é uma forma extremamente inteligente e surpreendente de seduzir o seu leitor. Podem ser utilizadas sequências de frases nominais, curtas, como lampejos cinematográficos. Também pode-se iniciar com uma narração de um fato, sequencialmente, dando maior realismo ao seu texto.
Bons exemplos:
Robocop da Pompéia
em Casa da GabiTudo começou no domingo. Acordei com uma dorzinha chata no pescoço, daquelas de quem dormiu torta. Isso não me impediu de ir passear com Alê Félix e Guto. Eu deveria saber que isso não daria certo. Fomos ao Mercadão, onde ambos comeram um sanduíche de mortadela. Eu comi um pastel de palmito. Depois fomos à Liberdade. Comemos camarão, lula, doce, porção de camarão, camarão no espeto, bolinho de polvo e no fim pedimos água tônica para fazer a digestão num boteco no largo da Liberdade. A essa altura, estávamos acompanhados de um japonês, claro. Porque eu acredito em passeio temático completo. E meu pescoço dolorido, dolorido…
Ou então:
Soluções *Ic* para melhorar o mundo, porque não?
em Odeio e JustificoVocê está andando na calçada quando um outro infeliz está vindo na mesma direção que você. A calçada é movimentada, não há muita opção para passar e você, obrigatoriamente, terá que cruzar com ele em algum ponto de sua trajetória. Ele não parece que irá mudar de rumo, então você, que é inteligente e sábio, vai para sua direita quando chegar o momento. Coloquem os capacetes, teremos uma catástrofe aqui…
Faça uma declaração surpreendente
Uma declaração forte no início do texto desperta interesse. Depois, explique. Exponha seu ponto de vista.
Bons exemplos:
Como conquistar uma mulher
em Hebdomadário CulturalApós 34 anos de profundas análises, pesquisas, perguntas, experiências próprias, filmes assistidos e outras formas de recolher as mais variadas e confiáveis informações, acho que talvez, quem sabe, quiçá eu tenha entendido como agradar e conquistar uma mulher – e para sempre! Afinal, nada pode ser mais simples que a alma feminina…
E mais:
O Diabo tem as costas largas
em Tarja PretaBem como diria minha mãe, o Diabo tem mesmo as costas largas. Um crime aqui, outro acolá e voilà! De quem é sempre a culpa? Façamos uso então, de nosso senso histórico criminalístico. Começando por ninguém mais ninguém menos do que a matriarca da humanidade, Eva e o fruto proibido…
Cite diretamente outro autor
Como no início deste artigo, a citação direta é muito utilizada. Também ajuda na argumentação de seu texto, que pode suas idéias relacionadas ao texto original. Traz mais credibilidade, já que outras pessoas tiveram a mesma linha de raciocínio.
Tente! Mas sem um conteúdo decente, não há milagres.
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eu,ate hoje, nunca tentei escrever nada,fico só com os pensamentos.Acho que nao saio da fase do pensamento achando que só a mim interessam as minhas idéias,as minhas duvidas e as minhas ansiedades.Talvez puro egoismo (ou inibiçao) de mostrar ao mundo que voce é possuidora de idéias que, para mim,sao ,como dizer, concretas e amadurecidas pelo tempo.Nao seriam textos literarios.Mas, me fariam nuito bem colocá-los num papel ,mesmo que ficassem só para mim.
Acho que um escritor tem que ser ousado e realmente ter as técnicas certas de alcançar seu público alvo.Ou,que tambem acho gratificante,suas ideias acabarao numa volumosa biblioteca familiar.
beijos
mamae
esse site é muito bom!!!!adorei..
Adorei esse site. Em poucos minutos lendo, aprendi bastante sobre redação.
Obrigada Raphael! Beijos
Blz.. depois destas explicações e só adivinha o que vai cair na prova dissertativa de amanhã.. hehehe
OI PESSOAL MEU NOME É ADONIRAM (DONY) SOUN UMA CONTADEIRA DE HSTORIAS E FAZENDO VÁRIAS PESQUISAS DESCOBRI ESSE SITE, EU ADOREI. ME FOI MUITO VÁLIDO, POIS ESTAVA PROCURANDO MANEIRAS DIFERENTES DE INICIAR UMA HISTORIA. E ENCONTREI MUITOS EXEMPLOS QUE ME SERÃO VALIOSOS. OBRIGADA. UM ABRAÇO A TODOS. MEU EMAIL É [email protected]
Conservo dois piolhos em minha cabeça, Cidnelson e Cidcreuza. Nessa onda ecológica, não se deve sair por aí exterminando tudo quanto é bicho. Existe um equilíbrio a ser preservado.
Passei a pensar assim depois que fui trabalhar na Secretaria de Meio Ambiente. No primeiro dia de trabalho, os pernilongos começaram a me atacar, foi então que minha amiga Bióloga, me deu a primeira lição:
_ Aqui não se mata bicho, nem pernilongo, nossa missão é proteger a natureza e não acabar com ela.
Sai de lá com as pernas cheias de calombos, chateada e sufocada com a fumaça das velas de andiroba espalhadas por todos os lados.
Absorvi o ensinamento, os insetos tinham mesmo que ter um tratamento diferenciado. Eu era meio urbana, acostumada a exterminar tudo quanto é bicho. Comecei a ver os insetos com outros olhos. Pelo menos dois de cada espécime tinham que ser preservados. Foi nessa, que permiti Cidnelson e Cidcreuza habitarem minha existência.
Passei a ser uma Arca de Noé, salvando um belo par de piolhos. Conviver com essa dupla me fez refletir sobre a lógica do Capitalismo. Cheguei à conclusão, que o piolho gera emprego e movimenta uma numerosa indústria de pente fino, sabonete e xampu.
Vamos usar como exemplo, o pente fino, que desde criança conheço muito bem: se cada pente custar um real e forem vendidos em Madalena, quinhentos em um só dia, são quinhentas pratas. É só usar esse raciocínio e multiplicar para o mundo inteiro. Agora, se todas as mães, resolvessem ao mesmo tempo, acabar com os piolhos num movimento único, de caça às bruxas, seria o fim das indústrias de pentes e o aumento no índice de desemprego.
Fazendo um levantamento histórico, se piolho fosse bom, não constaria na lista das dez pragas do Egito. Mas isso também tem uma explicação. Tem que haver um controle de natalidade, quando prolifera demais vira uma praga, o ideal seria um Cidnelson e uma Cidcreuza por cabeça, pois assim, a engrenagem do Capitalismo não seria comprometida.
Como Deus faz tudo certo, criou o piolho e a unha. Uma coisa não existe sem a outra. Passei a reparar a quantidade de pessoas que levam a mão à cabeça. É incrível! O boi afasta as moscas com o rabo e o homem afugenta seus bichinhos com as unhas.
Alguns pensam que a unha só serve para passar esmalte, o que já é uma outra indústria, por sinal, mais rentável que a do pente fino. A unha serve para coçar. Se na hora da coçada vier um piolho, não se envergonhe, junte as unhas dos polegares e esmague o bichinho.
“Trair e Coçar é só Começar”. Essa peça de teatro ficou durante anos em cartaz. A explicação é simples: coçar é uma coisa boa. (Vou me deter apenas na parte do coçar, se não acabo me enrolando). Se coçar não fosse bom, eu já teria expulsado o Cidnelson e a Cidcreuza, que são minha fonte de prazer.
O mais gostoso ainda é outra pessoa coçando a cabeça. Que delícia! Ainda ganho dinheiro abrindo uma Cafuterapia… Olhos fechados, música instrumental e uma mão coçando por uma hora. Se ao invés de uma Cafuterapia , abrisse uma Piolhoterapia, morreria de fome. O piolho na sociedade é tratado como “Segredo de Estado”. Diretores, comentam sobre o assunto nas reuniões de pais como se estivesse num confessionário; quando alguém vai à farmácia comprar um pente fino, morre de vergonha; as mães catam os filhos às escondidas, como se o bichinho fosse um pecado. Tudo bem que se queiram proteger os piolhos dos humanos, mas nem tanto.
Essa nova visão, quanto aos bichos, que aprendi na Secretaria de Meio Ambiente, foi muito oportuna. Inclusive, outro dia, a Bióloga abriu uma gaveta do arquivo e viu uma barata grande, preta e cascuda. Assustada, saiu gritando e me pediu que desse cabo daquela situação. Foi aí que me vinguei e respondi:
_ “Nossa missão aqui é proteger a natureza e não acabar com ela.” Há! Há!
Por fim, não se preocupem em preservar a natureza usando a cabeça das crianças. O Cidnelson e a Cidcreuza já estão protegidos na floresta da minha cabeça e pelo tempo, já deve ter uma Pafúncia, que não será extinta, pois isto provocaria um caos no mundo capitalista.
Aí galera!!! Vê se vocês gostaram da história que inventei, afinal piolho não é assunto tão ruim assim.
Beijos, Selma Nardace – Santa Maria Madalena
Selma nardace, eu adorei sua redação e gostaria de saber o genero, porque eu qria um exemplo de redação dissertativa argumentetiva…. Alguem pode me ajudar?!