Caraca! Estou no meio do suplício que é comprar um apartamento financiado aqui em Brasília. Desde agosto catando documento aqui, pagando taxa ali. Sem contar que mesmo ainda sem morar no bendito apartamento, tenho que pagar as contas de água, luz e condomínio. Regras são regras…
Na verdade já estou na ponta do iceberg. Um único documento me separa do pagamento de mais impostos e o direito de ocupar o sonho da classe média. Só que esse diabo de documento está nas mãos de um maldito cartório que não pára de fazer merda na minha requisição (cartório enrolando é pleonasmo?). Depois de tanto perturbar presencialmente, me pediram para não aparecer no cartório e me deram um telefone de contato: – Ó… na segunda você liga e pede para falar com o Fulano de Tal. Ele vai resolver o seu problema.
E eu acreditei:
Gravação: – Cartório do xx ofício… sua ligação é muito importante para nós…
Eu, falando para máquina: – Eu espero, minha filha. (a voz era de mulher)
Gravação: – Disque ou ramal desejado ou aguarde para ser atendido…
Eu, falando novamente para a gravação: – Vou esperar, meu bem.
Atendente: – Cartório… em que posso ajudar?
Eu: – Bom dia. Gostaria de falar com o Fulano de Tal.
Atendente: – Quem deseja? Tem o número do protocolo? Do que se trata?
Eu: – Aqui é o Raphael, e o Fulano é o cara que vai me ajudar, pois estou com um problema assim, assado e vocês erraram minha documentação, blá, blá, blá.
Atendente: – Um momento… (2 minutos) Ó, ele pediu para anotar o seu telefone que liga em seguida.
Eu, acreditando: Ok, meu número é tal. Por favor, não deixe o Fulano esquecer de me ligar, tô precisando muito falar com ele (achei que entrar em modo “carioca-faz-beicinho-e-consegue-tudo” fosse adiantar).
Atendente: – Não se preocupe, Senhor.
Acha que a ligação foi retornada? Porra nenhuma! Foram mais de 8 tentativas em dois dias, o feladamãe não atendia minhas ligações nem retornava, e ninguém me dava qualquer explicação. O cara deve estar pensando que sou Goiano, pra me fazer de bobo (Aliás, se eu fosse mesmo Goiano nem precisaria se dar ai trabalho… )!
Puto da vida, resolvi entrar em modo “carioca-malandro-resolve-tudo-na-porrada-tentando-estratégia-ninja-desesperado”:
Gravação: Cartório blá, blá, blá… sua ligação.. blá, blá… aguarde…
Eu pensando alto: Eu vou mandar essa máquina pro cacete!
Atendente: Cartório… em que posso ajudar?
Eu com voz de moto boy carioca: Pô! Preciso falá rápido cum Fulano de Tal! Tô na fila do banco. Vô depositá um dinheiro na conta dele e esqueci o número. O cara vai me ferrá! Chama ele lá pra mim. O caixa tá me esperando!
Atendente, um pouquinho ofegante: Peraí, rapidinho… (10 segundos)
Fulano de Tal, bem ofegante: Oi, quem é? Anota aí, anota aí…
Eu, com voz solene: Quem fala, por favor?
Fulano de Tal, mais ofegante ainda: É o Fulano de Tal… Anota aí o número da conta…
Eu calmo, solene e com um sorriso de dar inveja ao gato aí de cima: Que conta? Aqui é o Raphael, seu colega me pediu pra te ligar. Que bom que consegui falar com você! É que estou com um problema assim, assado…
Bem, ainda estou ferrado com o documento. Mas que o Fulano de Tal atendeu, isso aconteceu!
Tem gente que tenta educar aqui e alí, mas que o dinheiro traz felicidade não tenho dúvida. Principalmente quando é pra sacanear os outros. Mas será que a atendente continua trabalhando lá?
Apenas dois comentários:
1) O problema é que os FDP pensam que estão fazendo favor e não trabalham como deveriam;
2) Se fosse resolver como um goiano bobo, já estaria resolvido, por que a justiça no goiaiizz é uma bala de trinta no pé do ouvido, porque se tem terra de cabra macho é lá, e falar em goiano macho é pleonasmo.