E não é que a chuva chegou?

De tanto falar na chuva, ela finalmente chegou no cerrado. E São Pedro resolveu mandar de uma vez só – e na porrada – o que a galera tanto pediu. Por sorte eu não tava na cidade, já tinha fugido para Pirenópolis (cuja aventura será tema de outro artigo em breve).

Temporal em Barsília, dia de finados

Mas parece que a coisa aqui em Brasília na última sexta-feira não foi mole, não. Tinha rua alagada, àrvore caída, carro virado… era quase uma visão do inferno. E eu numa boa, sem saber de nada, curtindo minha cachoeira.

Temporal em Brasília, dia de finados

As fotos acima foram gentilmente roubadas do Feito à Mão, na cara dura, já que eu tava longe e mesmo se estivesse aqui, não teria a pachorra de sair na rua.

Programa social ou assepsia governamental?

Uma das coisas que pude perceber aqui no Distrito federal é a atuação do governo. Na sua grande maioria, as ações que são anunciadas são cumpridas. E é isso que me preocupa.

© World Bank / Fernando BizerraUma ação do GDF (Governo do Distrito Federal) anunciada esta semana pretende tirar das ruas quem vive nelas. Agentes sociais vão tentar levar para pensões, pequenos hotéis e um albergue os moradores de rua por tempo indeterminado. Ao todo são 600 indigentes contabilizados, que vivem sob as marquises da rodoviária e debaixo dos viadutos da esplanada.

Mas e daí?

Daí que esses caras vivem de esmola. Dada por nós. E a pura e simples remoção das ruas, sem um programa que garanta para esses indigentes uma profissão através de cursos de capacitação, para que deixem de viver da esmola e sim de seu próprio trabalho, não vai adiantar em absolutamente nada. Vai ter neguinho saindo do albergue e voltando pra mendicância. Já que os burros já foram expulsos, agora é a vez da galera do “eu podia tá matando, eu podia tá roubando, mas tô aqui te chateando”.

Isso não é uma ação social. É um programa de assepsia governamental.

Todo governo de qualquer cidade do país possui ações e programas para tratar dos moradores de rua. Ou pelo menos deveria ter. Só que o sucesso dessas ações não está somente no fato dos moradores de rua não terem uma fonte alternativa de renda, como a esmola, para aceitarem a ação do Estado. Mas também na garantia de que estas pessoas terão como produzir e sobreviver independentes. Nessa o governo tem que entrar de sola.

Ou podemos esperar as meninas de saiote aos bandos rodando por aí.

Fonte: G1 e DFTV. Foto: Fernando Bizerra

Burros com os dias contados no cerrado

Como pode a capital do Brasil, um exemplo de urbanismo, com uma média de 3 carros por família, ter em suas avenidas largas e bem planejadas uma horda de carroceiros levando tudo quanto é tipo de tralha no lombo? Quando aportei por aqui me assustei com este tipo de serviço, bastante comum nos bairros.

Pois bem, agora a coleta de papel e traquitanas na Esplanada dos Ministérios será feita com o uso de triciclos motorizados. Os veículos foram doados para 13 cooperativas de catadores de lixo. Desde agosto deste ano esses carroceiros não podem mais andar pelas ruas e estradas do DF.

Burro em Brasília
Vou sentir saudades da família…

Segundo dados oficiais, existem cerca de 6 mil “carroceiros” no Distrito Federal. Sem contar aqueles que migram das cidades satélites pra ganhar a vida por aqui. Eu mesmo já utilizei algumas vezes os serviços desses caras, que cobram de 10 a 40 reais por frete dependendo da distância e peso.

Triciclo motorizado no DF
Sou o burro motorizado

A pergunta que fica é: o que vai acontecer com os burros que andavam por aí? Vão para algum circo? Ou talvez encontrar a família no Senado…

Encontrado no G1

Temporada de Escorpiões no Cerrado

Daqui a pouco tempo vai começar o período de chuvas aqui em Brasília. E quando isso acontecer, além do espetáculo tenebroso, será a temporada de doenças respiratórias, acidentes de trânsito e também do aparecimento de escorpiões dentro de casa.

Opa! Para tudo! DENTRO DE CASA?

Escorpião Amarelo Isso aí, meu chapa! Lembre-se que aquela área no passado era deserto puro. Só que esses caras se adaptaram à vida urbana e geralmente são encontrados em caixas de esgoto e de luz, onde encontra o seu principal alimento, as baratas. E tem nego morrendo de picada lá em Brasília. Eu mesmo já encontrei uns dois.

De acordo com a bióloga da Zoonoses Monique Knox, três espécies de escorpiões são comuns no DF: Tityus serrulatus, também chamado de escorpião amarelo e o mais presente na região, Bothriurus araguayae e o Tityus fasciolatus. São uma graça! Segundo dados do Correio Brasiliense em 2006, 122 acidentes por picadas de escorpiões foram atendidos em hospitais públicos do DF, sendo dois pacientes de Minas Gerais e 21 de Goiás

E olha que eu conheço quem não mataria um bichinho desses. Mas vai que ele tenta se explicar por aí…

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Filme Tropa de Elite vira troco no Rio

Em visita ao Rio fui matar a saudade do jornal O GLOBO que é muito difícil de encontrar em Brasília. A coluna do Ancelmo Gois sempre foi leitura obrigatória, principalmente pelas pérolas que aparecem.

Vejam a beleza de hoje:

CENA CARIOCA

Acredite. Um professor universitário deu o dinheiro do táxi para a babá buscar seu filho na escola e, na volta, em vez de troco, a moça lhe entregou um DVD pirata de “Tropa de Elite”, com esta explicação: – Olha, o senhor desculpe. Mas o moço do taxi não tinha R$ 3 do troco e deu este DVD…

Pô! Além da sacanagem da pirataria, agora até já baixaram o preço do DVD? Aqui em brasília ainda vale um pouco mais. Tem nego vendendo a 8 reáu.

Cariocas definitivamente não gostam de dias nublados

E das trevas, fez-se a luz! Finalmente eu entendi aquela música da Calcanhoto.

Como deve ser de conhecimento de todos, aqui em Brasília não chove há pelo menos mais de  4 meses. Sol na moleira direto. É dia e noite com areia na cara, na roupa, na cama, em tudo quanto é orifício disponível. Se fosse no Rio, era praia direto!

E eis que no início do mês, chuveu o dia inteirinho. Depois parou.

Tem noção do espetáculo medonho que foi a expectativa dos candangos com relação à chegada chuva? Era um tal  de nego prevendo a hora certa da chegada de acordo com a direção do vento, do cheiro do mato, da forma das nuvens, da posição do sol, e sei lá mais o que.

E quando ela finalmente chegou? Tinha gente pendurada no prédio com a boca aberta, parada no meio da rua sorrindo pro nada, porrada de carro em tudo quanto é lugar, notícias a todo minuto na televisão e no rádio elevando aos céus a dádiva pluvial.

Definitivamente, os cariocas não gostam de dias nublados. Nem chuvosos.

Massa com sopa, ou tudo junto no mesmo lugar

SopaEu adoro rodízio de massas. Sinto saudades até hoje dos finais de semana em que me acabava no Seven Grill, lá em Niterói, que na minha opinião sempre foi um dos melhores. Deixava depois o carro na garagem e ficava dando voltas intermináveis no quarteirão, à pé, até que conseguisse respirar com facilidade depois da digestão forçada. 

Nos rodízios, começava sempre na pizza, com um copo de chopp. Depois passava pelos infinitos sabores de macarrões, calzones, inhoques… e voltava para as pizzas, só que doces.

Cheguei no cerrado, e meu mundo desabou.

Cara, os rodízios de massa daqui servem também sopas (carinhosamente chamadas de caldos). Ora bolas! Se eu quisesse comer macarrão com sopa fazia um miojo em casa! E a única coisa que o garçons te servem à mesa é a pizza. O restante, te vira para pegar nos balcões.

Acho que estou muito mal-acostumado.

Mas, para quem tiver uma imaginação fértil, algumas combinações podem ser no mínimo extravagantes: pizza de calabresa com canja de galinha, macarrão ao molho branco com sopa de legumes, feijão com lasanha, sei lá! Quem se habilita?

Ajoelhou? Não tem jeito: reze!

Quando afirmo que aqui no cerrado a coisa é de maluco, tem neguim que me sacaneia. Dizem que o errado sou eu, vejam só! Eu nunca erro, no máximo cometo um pequeno equívoco.

Caro leitor, me acompanhe e ajude a entender. Minha filha, que tem treze anos, travou comigo o seguinte diálogo:

– Pai, minhas amigas estão fulas da vida comigo. Comentei com elas ontem que talvez a gente pudesse fazer o trabalho da escola aqui em casa hoje lá pela uma da tarde. Só que elas vieram nessa hora e ficaram esperando no portão um tempão e depois se mandaram, já que a gente não tava em casa. Pô… essas meninas tão malucas? Eu nem tinha confirmado nada!

Minha filha descobriu na prática um hábito tenebroso, que em nada se assemelha aos padrões cariocas de convivência pacífica e sem encheção de saco: aqui, basta marcar e o cara aparecer. Porra, fala sério!

Lá no Rio é comum a frase “aparece lá em casa tomar alguma coisa” mas sem a menor intenção de ficar na porta aguardando o malandro chegar. Normal. É quase que substituto do “tchau, até mais”.

Agora, sabem o que eu faço? Deixo claro que ligo para confirmar a combinação, se a tal realmente for acontecer. Já até me questionam: essa é uma combinação carioca ou de verdade?

E eu vou aguentando…