Vou com Jesus. Mas prefiro voltar sozinho.

Outro dia estava levando minha senhora ao aeroporto aqui de Brasília quando ouço uma gritaria infernal do meu lado. Era um ônibus escolar, repleto de crianças. Talvez indo para um excursão ou coisa que o valha.

O ônibus passou, olhei e não resisti. Tive que fotografar.

Ônibus escolar com mensagem do inferno

Não entendeu a pegadinha? Aí está:

Vou com Jesus se não voltar estarei com ele
“Vou com Jesus. Se não voltar, estarei com ele”.

Isso é sacanagem? Ou será o bonde do terror, das almas perdidas, um passeio sem volta ao juízo final? Talvez por isso eu mesmo tenha passado a levar minhas filhas à escola. Assim tenho a certeza de que voltam para casa.

Feriadão

Segunda-feira é sempre um dia complicado, principalmente pela manhã. Raras foram as vezes em que marquei algo importante nesse período, como uma reunião de trabalho ou uma visita ao médico. No fim-de-semana chuto o pau da barraca: bebo de tudo, como de tudo e durmo quase nada. Daí que o intestino fica em frangalhos, e é justamente na segunda de manhã que o malandro resolve me lembrar de tudo o que eu fiz nos dias anteriores.

A Cagada no Feriadão
Que grande cagada – por bonecosanimados

Pois bem. Anteontem foi segunda-feira, e resolveram marcar para mim um vôo bem cedo. Pela WebJet, em aviões velhos e aeromoças com uniforme de padaria.

Na verdade não era tão cedo assim, mas não dava tempo de deixar o fim-de-semana descer pelo vaso sanitário calmamente como manda o figurino antes de me aventurar em qualquer coisa longe do conforto da minha suíte.

Então tomei um banho, levei as crianças na escola, voltei, e só deu tempo de me arrumar, pegar a mala e correr para o aeroporto. Com um pensamento fixo de deixar a lembrança do feriadão numa daquelas cabines do banheiro masculino do aeroporto de Brasília – aliás, no segundo andar, perto dos balcões das companhias aéreas, os banheiros são excelentes: limpos e vazios. Vale a visita.

Mas esqueci da porra do trânsito. Ouvi o Max Gheringer na CBN, as merdas do Boechat e a Mônica Bérgamo na BandNews, uma ou duas músicas do Legião Urbana no CD e quando voltei pra BandNews e entrou o Simão eu já suava como um porco: primeiro pela hora, que já devia ter embarcado; segundo pelo feriadão, prestes a sair ali mesmo, no balão do aeroporto.

Mas consegui chegar no estacionamento faltando 10 minutos para o avião partir. Enfiei o carro em qualquer vaga, e corri pro balcão da WebJet torcendo para ter perdido o vôo. E como é no segundo andar, minha cabine cativa do banheiro masculino não me saía da cabeça, e o feriadão já me doendo o rabo.

“Sorte a sua, senhor! O vôo está atrasado, acabaram de chamar. Este é o seu cartão. Embarque imediato, portão 7. Tenha uma boa viagem!” – Boa viagem é o cacete! Corri para o embarque, mesa de raio-x, 12 metros, portão 7, assento 16C. Dali em diante foram exatos 28 minutos de pavor, até que as luzes de apertar os cintos se apagassem e eu cambalear até o banheiro minúsculo da parte de trás do avião.

Arranquei as calças, sentei, e fantástica sensação de alívio de finalmente me livrar do feriadão me fez esquecer até onde estava. Turbulência rolando, abri os braços como Jesus Cristo e me segurei nas paredes do cubículo. Estava até achando interessante, dada a facilidade do remelexo em desovar as lembranças e dissipar o enorme odor de minhas entranhas – para quem não sabe, os vasos sanitários dos aviões são químicos, não tem água, e o cheiro só vai embora depois da descarga.

E não é que, no meio de meu ato pessoal e intransferível, ouvi várias batidas na porta e alguém forçando sua abertura? Me equilibrei e segurei com força, tentando impedir aquele ato tão violento. “Senhor, senhor!” berrava a aeromoça. O avião estava caindo? O piloto desmaiou com o cheiro? Eu desmaiei com o cheiro e o avião já pousou? Continuei segurando com força, mas a filha da puta conseguiu abrir a porta. E me pegou lá, calça no chão, testa suada, e o cheiro quase obsceno de todas as cervejas, churrascos e ovos de páscoa do feriadão depositados naquele minúsculo vaso sanitário.

“Está tudo bem, senhor? Precisa de alguma ajuda?” – Não, porra. Tá maluca? Estou vivo, não está vendo? Fechei a porta e perdi a concentração.

Foi quando percebi que, na minha pose de Jesus Cristo no enxofre, apertei acidentalmente o botão de emergência e chamei a aeromoça. Puta protocolo de merda. Puta banheiro de merda. Puta cheiro de merda – literalmente.

O homem nu (ou quase)

Imagem Homem Nu Tenho viajado quase toda semana para o Rio. Fico por volta de 2 ou 3 dias, apenas o tempo necessário para resolver algumas questões de trabalho. E, ao contrário de muita gente, prefiro ficar quietinho no meu quarto de hotel – trabalhando e vendo tv – do que sair pra noitada e voltar bêbado na madrugada.

E e daqui do Rio que escrevo.

Eu não sei se já havia comentado por aqui, mas sou um cara de hábitos. Nada muito extravagante, apenas hábitos que gosto de seguir principalmente longe de casa. Eu gosto de saber o que está pela frente, sem muitas surpresas, do conforto da rotina. Frescuras assim.

Costumo pegar sempre o mesmo vôo de Brasília para o Rio:  o da TAM, às 18:00. Às 19:45 já estou dentro do táxi a caminho do hotel, em Botafogo. Faço o checkin e às 20:30 estou com o telefone na mão pedindo o jantar. Enquanto não chega tomo um banho, ajusto o ar-condicionado para 19 graus, tiro a roupa e fico confortavelmente de cueca (daquelas tipo samba-canção, de seda), meias e uma camiseta surrada. Na privacidade e anonimato do meu quarto, ligo o notebook e coloco a TV num filme idiota qualquer e começo a trabalhar. É sempre assim, com uma pequena variação nos horários.

Pois bem. Hoje resolvi mudar um pouco a rotina e me dei mal. Geralmente acabo de jantar e deixo a bandeja no banheiro – não gosto do quarto cheirando a salmão a noite toda (sim, geralmente é o mesmo prato). Mas dessa vez me deram um com banheiro pequeno. Daí que resolvi deixar a bandeja com o prato sujo no chão do corredor – assim qualquer camareira que passar leva embora.

Excelente idéia, não é mesmo? Às vezes me surpreendo comigo mesmo.

Então peguei a bandeja, deixei a porta entreaberta, olhei para os lados – ninguém à vista, afinal estava de cueca – dei um passo para frente, coloquei a bandeja no chão e… pânico. Porta fechada. Comigo no corredor, de cueca samba-canção de seda, camisa surrada e meias brancas. E a porra da porta não abre por fora sem o maldito cartão de acesso – viva a tecnologia!

E agora? Cadê o interfone mágico que deveria estar no corredor, aquele justamente para os momentos de angústia? E se alguém sofrer um derrame cerebral, como avisar? Quem sabe bato na porta de alguém? Mas a visão de ter um idiota de cueca batendo na porta me fez desistir. Ah! Melhor chamar o elevador – lá provavelmente tem um interfone. Daí ligo pra recepção, e digo que perdi o cartão. Perfeito. Grande idéia.

Botão pressionado, o elevador chega no último andar onde estou, vazio. Entro e procuro o bendito interfone. Mas antes que perceba, a porta se fecha e o elevador começa a descer. Eu de cueca. Meia. Camisa surrada. Excelente situação para quem sofre de prisão-de-ventre.

Engoli o orgulho, qualquer coisa agora era lucro. Dou boa noite à senhora que entrou no quinto andar – em inglês – sem perder a pose. Chego finalmente no saguão, a senhora sai apressada, passo por dois caras com malas que esperavam o elevador, ando uns 10 metros de cabeça erguida, chego à recepção e lá fico esperando a minha vez de ser atendido. Tive a impressão de ter sujado a cueca.

Mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, uma mocinha com um grande sorriso no rosto e atrás do balcão me interrompe:

– Ficou trancado do lado de fora? Já mandei o mensageiro levar o seu cartão. Temos câmeras no corredores, acontece todo dia. Uma vez foi um senhor de toalhas, pela manhã. Pode subir que o mensageiro já deve estar lá. E da próxima vez não se preocupe, e só aguardar. Tenha uma ótima noite, senhor. O café-da-manhã é servido das 6 às 10.

Então tá. Tenho certeza de ter visto alguém se abaixar atrás do balcão. Eu quase perguntei por que não deixam um aviso logo na porta do quarto: “Em caso de estupidez, aguarde! Temos câmeras e queremos rir um pouco”. Fernando Sabino perde.

Feliz ano-novo. Simples assim.

É isso aí, pessoal. Faltam poucas horas para darmos adeus à 2008, e continuar a vida em 2009. A véspera de ano-novo sempre me deixa mais alegre, mais confiante. E eu gosto de estar alegre.

Queima de Fogos de Copacabana

Então, para fechar 2008 com chave de ouro, gostaria de agradecer à você, que teve paciência e perseverança para acompanhar meu mau-humor e as grandes bobagens que escrevi aqui ao longo deste ano. Em números, foram:

  • Mais de 100 artigos escritos;
  • Mais de 1200 comentários deixados por vocês;
  • Muitas horas de sono perdidas;
  • Umas trocentas broncas de vocês que absorvi sorrindo;

Aguarde e confie: em 2009, vocês verão muitas novidades aqui no Carioca. Não desistam. E agora me deixem seguir a vida… minha Absolut está sendo afogada pelo gelo.

Feliz ano novo!

Mistério na escola e uma viagem maluca

De vez em quando eu publico por aqui coisas produzidas pela minha filha mais velha, Thábata, de 14 anos. Desta vez é um conto que ela escreveu como tarefa da aula de redação da escola. Mas o que me deixou orgulho é que este conto ficou em quarto lugar dentre 500 outras produções na escola, num concurso literário em homenagem à Machado de Assis. Filho de peixe, peixinho é!

Divirtam-se!

Ônibus Escolar

A Viagem Escolar

Nem consegui dormir de tanta ansiedade, esperava por essa viajem há muito tempo, finalmente daria um tempo das tarefas de casa e iria viajar com meus amigos da escola! O ônibus iria sair às 6:00 da manhã, mas já estava acordado desde às 3:00 hs.

Chegando lá na escola encontrei os meus amigos todos reunidos e ansiosos para esperada viajem, o acampamento seria na floresta fechada, onde não teríamos nenhum contato com a civilização exceto pelo rádio da professora Lílian. Quando o ônibus chegou, olhei aquela lata velha e pensei logo “Bem, nem tudo pode ser perfeito”. Aquele ônibus tinha 13 anos de história pra contar, nem precisava de alguém pra falar, porque os buracos nas cadeiras e nas paredes já falavam tudo. Quando saímos ainda estava escuro e os alunos pareciam mais uns zumbis  do que qualquer outra coisa. Mas mesmo muito cansados ainda dava pra ver em seus rostos leves sorrisos de ansiedade.

A viajem durou 6 horas. Não consegui dormir muito durante a viajem, porque estava muito agitado e não podia correr o risco de levar pasta de dente na cara. Enquanto meus amigos cantavam musiquinhas típicas de viajem eu conversava com João, meu melhor amigo. Ele tem 14 anos, assim como eu, e uma das coisas que nós mas queríamos fazer era finalmente conseguir nos enturmar com as meninas nessa viajem. É por que nós não somos exatamente os meninos mais populares nem mais bonitos do mundo, mas essa viajem podia mudar tudo.

Chegando lá meio dia dei de cara com um acampamento imundo caindo aos pedaços. Mal pude acreditar, mas era só o começo, os quartos eram minúsculos e tinham cheiro de mofo, estavam imundos e a cama parecia ser feita totalmente de madeira de tão dura que era, mas tudo isso não é nada quando se tem um bom chuveiro, o que não era o caso, por que além do banheiro estar entupido e fedendo , o chuveiro só tinha água gelada ! Eu estava com muita fome, não comia nada dês das seis horas da manhã. Quando foram servir o almoço em um lugar que tinha umas mesas de madeira, mal iluminado, onde as mesas tinham farpas espetando para todo o canto, um homem grande e gordo, muito mal encarado passou distribuindo os pratos mal lavados e depois botando uma coisa no nosso prato que eu não consegui identificar o que era de tão nojento que estava. Era como se alguém tivesse comido muitos legumes e depois vomitado tudo. As meninas ficaram muito espantadas, mas como sempre, elas trazem lanche de casa e conseguem se virar, mas eu e João só trouxemos 50 reais para caso de emergência. Mas na lanchonete de lá não tinha nada que prestasse.

Mas era só o começo. A guia era uma mulher muito feia e gorda que parecia que sentia prazer em ver a nossa decepção. Ela falava com uma cara de satisfação:

– Esse fim de semana vai ser longo não é crianças?! Nós vamos fazer trilha, levem as lanternas!

Pensei logo “Pra que lanterna se ainda são duas horas da tarde?!”. Mas conforme fomos entrando na floresta entendi, quando mais entravamos na floresta, mais densa e escura ela ia ficando, depois de meia hora de caminhada já precisávamos ligar as lanternas. Andando por lá, comecei a ouvir uns barulhos estranhos. Eu não sinto medo de nada, sou muito corajoso, mas confesso que nessa hora senti um pouco de medo, até por que além de barulhos eu via vultos pela floresta. Mas eu parecia ser o único a estar ouvindo essas coisas, os outros estavam entretidos com as plantas e bichinhos que tinham na floresta, perguntei pro João se ele tinha ouvido algo mais ele disse:

– Ouvi sim! Ouvi você gritando de medinho! Deixa de ser medroso Pedro! Não tem nada aqui, a única coisa que você precisa ter medo é do cara da cantina! Dizem que ele pega as pessoas que se perdem na floresta pra fazer aquela gororoba pra a gente comer!- E fez uma careta indicando nojo.

Mas aquilo não me convenceu. Ainda podia ouvir barulhos à nossa volta, agora pareciam mais passos. Estava andando distraído quando vi um arbusto se mexendo. Chamei o João pra ver também e chegamos mais perto, quando estávamos chegando perto do arbusto vi como se fosse um menino pequeno, de uns Quatro anos de idade agachado atrás do arbusto. Me espantei na hora, esperava qualquer coisa, menos um menino pequeno agachado atrás de um arbusto! Meu amigo ficou sem palavras. Cheguei, mas perto e perguntei:

– Qual é o seu nome?- Estava meio curioso, afinal, o que um menino estaria fazendo ali, no meio da floresta?
– Brenno. – Respondeu meio assustado.
– O que você ta fazendo aqui?

Mas ele não respondeu mais nada, simplesmente saiu correndo floresta adentro, gritei pra ele esperar, mas não adiantou nada. João me olhou com a cara pálida como se tivesse visto um fantasma. Eu nem disse nada, simplesmente saí correndo atrás do menino, João falou:

– Você tá louco cara?
– Ele deve ta perdido! Temos que ajudar!
– Se ele quisesse ajuda ele não teria saído correndo!
– Ele ta assustado, e você também! –Comecei a rir da cara dele.
– Eu não estou com medo! VAMOS!

E lá fomos nós atrás do menino misterioso, mas sem perceber, nós nos separamos totalmente dos outros alunos e da guia que parece mais uma bruxa gorda.

Passamos 20 minutos procurando, mas não deu em nada. Sentei em um tronco velho que estava caindo no chão. O João falo:

– Cara! Já estamos procu..

De repente ouvimos um barulho que parecia ser um urso e quando olhamos pra trás tem um urso de dois metros e meio atrás de nós e ele não parecia estar feliz. Eu acho que nunca corri tanto na minha vida! Mas quando olhamos pra trás já tínhamos despistado o urso. Mas a pergunta era “Onde nós estamos?”. A resposta era nada mais nada menos que: “Não sei!”.

O tempo foi passando e não melhoro nada a nossa situação, quando nos demos conta já eram cinco horas da tarde. Estávamos cansados, com fome e não posso negar que com um pouco de medo, onde teria ido parar o menininho… Eu não fazia idéia, muito menos João, agora a única coisa que importava era encontrar o acampamento e voltar para nossas caminhas muito duras. Nem sabia mais o que fazer. Nós resolvemos fazer o caminho inverso, e voltar, pra tentar achar o caminho, mas não adiantou nada. João falo pra cansado:

– Cara, a culpa disso tudo é sua! A gente não tinha nada que ter ido atrás daquele menino! Agora pode ser que aquele urso apareça de novo aí eu quero ver qual vai ser! Sem contar que eu estou morte de fome!
– Relaxa cara! Vamos encontrar o caminho!- Eu disse aquilo mais nem acreditava mais que poderíamos algum dia sair daquela floresta, apesar da minha vontade imensa de sair de lá.

Meus pés estavam cheios de calos e meus braços estavam cheios de cortes das folhas e galhos da floresta, quando eu reparei uma luz surgindo no horizonte. Nem precisei avisar pro João, por que ele já estava gritando por ajuda. Lógico que eu corri para pedir ajuda também, mas conforme fomos chegando perto, fomos vendo que na verdade, aquilo não era nada mais que um enxame de vaga-lumes. O desanimo foi total. João me olhou com cara de decepção, paramos ali mesmo e sentamos um pouco pra descansar enquanto olhávamos os vaga-lumes voarem sobre nós. Ouvimos novamente barulhos vindo por todos os lados, olhei pro João e ele disse:

– O que será que vem dessa vez hein?! Só faltava ser um leão da montanha!- Disse ele irônico, só que nessa hora saiu o homem gordo da cantina por trás de dele. – Que horror cara! Não faz isso não, eu vô morre de susto! Finalmente alguém achou a gente!
– Como vocês conseguiram se perder, só completos idiotas conseguem se perder de um grupo de 50 pessoas, ou melhor, 50 adolescentes barulhentos!- Disse o homem feio.
– É que nós nos distraímos com uma coisa.. – Disse eu com um pouco de receio.
– Uma coisa? Que coisa?- Perguntou ele curioso.
-Esse doido viu um menino, o nome dele era.. Ham.. Brenno! Nossa, aquele menino é muito estranho! Ele saiu correndo, e nós fomos procurar ele pra ajudar, mas nós não o achamos depois. –Disse João tudo de uma vez para o homem.
– Brenno? Nossa, semana passada encontramos um menino morto perto da trilha, era o Brenno, um menino que tinha se perdido em uma excursão.

Nós ficamos sem palavras, não sabia o que dizer, só sabia que queria sair o mais rápido possível daquele lugar. Mas não demorou muito para nós sairmos da floresta, aquele homem sabia tudo sobre ela, e chegamos rápido no acampamento que parecia ainda mais feio quando estava de noite, tinha apenas umas poucas luzes amareladas para iluminá-la.

Quando chegamos, nos serviram a mesma gororoba do almoço, mas com a fome que eu estava, comi tudo e ainda repeti. Quando olhei para o relógio já eram 9 horas da noite. Levamos um sermão da professora Lílian por ter saído da trilha e nos perdido e fomos logo dormir.

Acordei com uma dor nas costas que nunca tinha tido antes, meu pescoço também doía muito. Parecia que tinha sido atropelado por um caminhão. João e todos os outros alunos se queixavam de dores nas costa por causa da cama dura. No café da manhã serviram torradas queimadas e um ovo que estava com cheiro de estragado, mas o que todos comentavam era que nós tínhamos nos perdido e visto o menino que já estava morto. Eles riam e cochichavam, provavelmente falando que nós somos loucos, mas não posso falar nada, também estava começando a achar que estava ficando louco, mas eu estava louco mesmo para ir embora daquele lugar e voltar para minha caminha macia e comidinha boa da mamãe. Mas só íamos embora ás 6 horas da noite. E ainda eram oito da manha, tínhamos um longo dia. Teve outra caminhada, mas eu e João preferimos ficar no acampamento que não corria o risco de nos perdemos de novo.

Meio dia eles foram caminhar e ficamos só eu, João e alguns funcionários do lugar. Ficamos jogando cartinhas para passar o tempo e depois fomos ver se tinha alguma coisa interessante no acampamento. Mas não tinha nada que prestasse, então ficamos jogando pedras em um laguinho e discutindo sobre o dia agitado que tinha sido ontem.

Finalmente eles chegaram e começaram a arrumar as coisas para ir embora. Eu e João já estávamos com tudo pronto, e fomos os primeiros a entrar no ônibus. Depois de passar os dois dias no acampamento aquele ônibus parecia ser muito confortável. Quando o ônibus deu a partida, olhei para janela e lá estava entre as árvores, o menino, nos olhando. Esfreguei os olhos, olhei de novo e lá estava ele, cutuquei meu amigo e ele não acreditou, estava mesmo lá, nos olhando. E vimos ele sumindo no horizonte conforme o ônibus foi andando. Depois desse dia, eu sempre via ele de longe me observando. Mas de uma coisa você pode ter certeza, nunca mais fui acampar.

Ensaio da Viradouro, Praia e Itaipava barata. Quer mais?

Estou aqui no Rio para as festas de fim-de-ano. Na verdade, em Niterói. E mesmo estando a um passo de ser expulso, existem três coisas que REALMENTE sinto falta quando volto para o Cerrado. Falta essa que só me dou conta de existir quando estou aqui por estas bandas.

1) A praia, e da tranquilidade do caos

Tempestade no Rio vista de Camboinhas
Uma quase-tempestade sobre o Rio,visto de Camboinhas

Sim, praia faz falta.
Mesmo no caos de uma tempestade, mesmo sem sol, sem nada.

2) Cerveja Itaipava barata. E gelada!

Cerveja Itaipava barata e gelada
Cerveja Itaipava gelaaaaaada!

Em Brasília, a Itaipava é cerveja de rico.
Aqui no Rio, de todos.

3) O ensaio da Bateria da Viradouro


Vídeo do ensaio da bateria da Viradouro

Samba, carnaval, cerveja.
O mundo desaba com a Bateria da Viradouro.

O carioca no país das maravilhas

Acabei de ver o último episódio da temporada de Alice, série produzida pela HBO. Na história, Alice se muda do Tocantins para São Paulo por conta da morte do pai. Aí começam suas perambulações pela cidade grande, as festas, a loucura, novos amigos. Enfim, como a personagem da história de Lewis Carroll, um novo mundo se abre e a necessidade de se encontrar nesse espaço é o tema de toda a temporada – que recomendo sem erro pela direção, argumentação, trilha sonora e excelentes atores (nota 10 para a mineira Andréia Horta).

_alice

Um ano se passa, e no último capítulo nossa Alice resolve voltar a Tocantins para resolver algumas questões sobre a mãe que morreu/não morreu lá pelas dunas do Jalapão. Resolvidas as pendengas, ainda no minúsculo aeroporto de Palmas, encontra um cara visivelmente nervoso e o seguinte diálogo se trava, mais ou menos assim:

Alice: – Tá nervoso?

Cara: – Tô. Primeira vez em São Paulo.

Alice: – Fica nervoso não. Você vai gostar.

Cara: – Você é de lá?

Alice: – Sou. Sou de São Paulo, sim.

Semana passada estive no Rio – em Niterói, na verdade -, coisa que faço pelo menos duas vezes por ano. Só que não me reconheci mais na cidade em que nasci, cresci, estudei, namorei, casei, tive minhas filhas. Percebi que não pertenço mais àquele lugar, me senti um estranho, as ruas, as pessoas, não me sentia confortável. Mesmo conhecendo cada milímetro daquele espaço que foi um dia todo o meu mundo, me perdi. Por dentro, não por fora.

A cidade me rejeitava, me expulsava, como se eu fosse um corpo estranho. E eu tentava me apegar a tudo aquilo de novo, com força, mas não conseguia me fixar. Não quero mais voltar pra ficar. Meu porto já está em outro lugar.

Sou candango, e vim para ficar.

FutureCom e a desgraça paulista

Estou em São Paulo por estes dias para a FutureCom 2008. Eu não gosto muito dessa cidade, mas tenho que admitir que em nenhum outro lugar o clima cosmopolita é tão impressionantemente forte como aqui. Desde a paisagem de concreto até o andar apressado das pessoas. Tudo é diferente.

Novotel Morumbi em São Paulo

Eu sei que estou em São Paulo quando:

  1. Olho pro céu e não vejo o céu;
  2. O taxista só sabe falar mal da Marta (aquela desgraçada!) e bem do Kassab (é viado mas ajudou a classe!)
  3. O taxista precisa olhar num guia onde fica meu hotel (qual o nome da rua mesmo?);
  4. Levo 2 horas para percorrer 20 Km (pensei que fosse levar só 20 minutos, carioca!)
  5. O checkin do hotel leva 2 minutos (é só passar o cartão fidelidade, senhor!);
  6. O sotaque da atendente do balcão me irrita;
  7. O elevador do hotel pede que insira o cartão do seu quarto (senão paga mico com a porta fechada, como eu);
  8. Chego no quarto e já tenho a minha camisa passada, que pedi no checkin;
  9. A TV do quarto de hotel é grande e de LCD;
  10. Tem os canais Telecine na TV do quarto;
  11. A Internet no quarto custa 6 reais o minuto;
  12. Peço um pedaço de pudim que não comi no jantar e ganho quase o pudim inteiro;
  13. Não vejo a hora de voltar pra casa;

Prometo que amanhã falo e divulgo minhas fotos sobre FutureCom. Hoje minha cota paulista já deu!

Não se faz política no Brasil. Apenas eleição.

No próximo domingo, além das eleições municipais temos também o aniversário da Constituição da República do Brasil, que fará 20 anos desde a sua promulgação em 1988. E junto com ela, a tão festejada e desejada democracia caminha ao lado por igual período de tempo.

Democracia

Mas essa coincidência histórica traz alguns fatos que não se encaixam muito bem: por uma lado, temos uma carta constitucional que é uma das mais avançadas do mundo em termos de direitos e garantias individuais, e o país avançou muito nestas duas últimas décadas tendo a constituição como alavanca; mas repare que a política continua sendo feita seguindo a velha cartilha do início do século passado, sem qualquer avanço.

E essa estagnação política distancia cada vez mais os políticos da sociedade civil. O vácuo criado entre cidadãos e governantes faz com que a gente olhe os políticos com uma má-vontade repugnante; e estes, por viver das muitas benesses e mordomias do Estado, sentem-se cada vez menos obrigados a dar satisfações à sociedade e mais a este Estado que lhe presta tantos favores.

O Brasil é um dos únicos países do mundo que ainda conta com o atraso do voto obrigatório. E pior, com um sistema eleitoral que deforma consistentemente a representação popular nas urnas: o sujeito pensa que vota em um nome, mas está votando num partido. Vota em fulano, mas elege sicrano e beltrano. É o chamado Coeficiente Eleitoral.

Por isso não se faz política no Brasil, apenas eleição. Veja, por exemplo, as campanhas e propagandas eleitorais. Quais foram os temas genuinamente políticos que foram discutidos, apresentados, debatidos entre os candidatos e a sociedade? Eu respondo: nenhum. O que se viu foi um amontoado de frases feitas, denúncias, solavancos, desaforos entre candidatos, a guerra pela vitória na eleição. E a política verdadeira, aquela em que se propõe a melhoria e o avanço do país, ficou de lado.

Mas a culpa é nossa. Nós celebramos a esperteza. Quem age de forma correta é bobo, idiota. Por isso achamos que política se faz apenas em Brasília, que não somos responsáveis pelo regime, não nos damos conta que a manutenção da democracia é, acima de tudo, garantir a liberdade e participação ativa na decisões que impactam diretamente na nossa vida.

Então acho que já passou da hora de cobrarmos também o aperfeiçoamento da política. Está na hora de alguém conseguir mediar de forma eficiente e isenta os interesses da Política, do Estado e do Cidadão. Chega de decisões inúteis que levam em consideração apenas o bolso de quem governa. Se o barco vira, todos morrem afogados.

Política não deve ser feita apenas por prazer.

Vamos falar sobre Gestão?

Eu sempre fui uma cara “corporativo”, mesmo antes de me perder aqui no Cerrado e virar esse blogueiro de meia-tigela que vocês conhecem. Nesta minha longa estrada de vida profissional já trabalhei como escravo estagiário, subordinado, free-lancer, desempregado, vendedor de cerveja na praia, empresário, coordenador, gerente… de tudo um pouco. E tem mais de dez anos que estou no mercado de telecomunicações.

Daí me deu vontade de falar escrever sobre esse mundo que parece tão chato.

O blog Minha Gestão nasceu dessa necessidade de compartilhar informações e experiências sobre Gestão Corporativa e de Pessoas, Administração, Gerência de Projetos, Carreiras e Negócios. Tudo isso de uma forma leve, descontraída e sem complicações. A idéia, lá, é debater assuntos do mundo corporativo sem encher o saco.

Dentre os artigos que publiquei recentemente, destaco dois:

Porque as empresas morrem no Brasil
Apesar das estatísticas, números e informações disponíveis e de fácil acesso pelos empresários, porque ainda assim as empresas continuam morrendo no Brasil?

10 dicas para se trabalhar em equipe
Dicas importantes para se trabalhar em equipe. Não cometa os mesmos erros que eu, e aproveite a oportunidade de conhecer melhor o seu colega de trabalho.

Então, apareça lá no Minha Gestão e comente os artigos, participe das discussões.

Depois me diga o que achou!