Cara, o que está fazendo aqui atrás de mim? Nada? Então dê lugar a outro, tchê!
Vamos fazer um exercício de criatividade, caro leitor: imagine que você é daqueles que pegam ônibus todos os dias para trabalhar. Sem nada pra fazer ao longo da viagem extenuante, resolve comprar um livro e ficar se distraindo no caminho. Esse livro é grande, você o lê aos poucos. Resolve, então, alternar entre um jornal e um livro. Daí passa a ler um jornal diferente todos os dias.
Os dias passam e fica nessa de jornal, livro, jornal, livro… salta do ônibus e faz o que? Mete lá seu livro dentro do jornal, enfia embaixo do braço e sai por aí feliz da vida.
Um belo dia, nessa de enfiar o livro dentro do jornal e depois embaixo do braço, lembra que precisa comprar repolhos e adentra num supermercado. E logo na entrada vê uma daquelas cestas gigantes com saldão de livros, todos espalhados. A coisa chama a sua atenção e você, que já está de saco cheio do seu livrinho que está dentro do jornal embaixo do seu braço, resolve dar uma pesquisada nas promoções. Avista um livro bem grosso. Apanha, segura nas mãos e por um momento lhe parece familiar. “Ah! Já sei” – você pensa. Imediatamente pega o livro que está dentro o jornal embaixo do seu braço, segura os dois à sua frente e atesta: “isso mesmo, é o mesmo livro“.
Resignado, coloca de volta o livro na cesta e o seu livro de novo dentro do jornal e embaixo do braço. Desiste então de olhar mais livros e se dirige à seção de repolhos – afinal, essa foi a sua tarefa ao entrar no supermercado com o livro dentro do jornal embaixo do seu braço.
E o final deste longo exercício de criatividade?
Carrefour? Carreful? Que nada… boteco da esquina.
Bem, se o supermercado for uma filial do Carrefour aqui de Brasília, e se um segurança conseguir te pegar neste ato extremamente ilícito e ainda te chamar de “ladrãozinho de livros“, o bicho pega e você ainda corre o risco de levar um trocado.
Foi que aconteceu há três anos com um camarada aqui do Cerrado.
Segundo informações, em 2005 esse tal camarada estava na sessão de livros do supermercado, pesquisando preços, e percebeu que estava com o mesmo livro dentro de um jornal que carregava. Ele, então, devolveu o produto à cesta. Ao sair da sessão, foi abordado por um segurança na porta da loja, que o chamou de “ladrãozinho de livros”.
Resultado? O Tribunal de Justiça do Distrito Federal (TJDF) obrigou o Carrefour do Pistão Sul de Taguatinga (cidade satélite do Distrito federal) a pagar 35 mil reais ao malandro, que foi injustamente acusado de furto. Sorte que um funcionário da loja confirmou a versão do cliente perante a justiça.
Então fica dica do Carioca: se for andar de ônibus, durma. É o que eu faço.