Feriadão

Segunda-feira é sempre um dia complicado, principalmente pela manhã. Raras foram as vezes em que marquei algo importante nesse período, como uma reunião de trabalho ou uma visita ao médico. No fim-de-semana chuto o pau da barraca: bebo de tudo, como de tudo e durmo quase nada. Daí que o intestino fica em frangalhos, e é justamente na segunda de manhã que o malandro resolve me lembrar de tudo o que eu fiz nos dias anteriores.

A Cagada no Feriadão
Que grande cagada – por bonecosanimados

Pois bem. Anteontem foi segunda-feira, e resolveram marcar para mim um vôo bem cedo. Pela WebJet, em aviões velhos e aeromoças com uniforme de padaria.

Na verdade não era tão cedo assim, mas não dava tempo de deixar o fim-de-semana descer pelo vaso sanitário calmamente como manda o figurino antes de me aventurar em qualquer coisa longe do conforto da minha suíte.

Então tomei um banho, levei as crianças na escola, voltei, e só deu tempo de me arrumar, pegar a mala e correr para o aeroporto. Com um pensamento fixo de deixar a lembrança do feriadão numa daquelas cabines do banheiro masculino do aeroporto de Brasília – aliás, no segundo andar, perto dos balcões das companhias aéreas, os banheiros são excelentes: limpos e vazios. Vale a visita.

Mas esqueci da porra do trânsito. Ouvi o Max Gheringer na CBN, as merdas do Boechat e a Mônica Bérgamo na BandNews, uma ou duas músicas do Legião Urbana no CD e quando voltei pra BandNews e entrou o Simão eu já suava como um porco: primeiro pela hora, que já devia ter embarcado; segundo pelo feriadão, prestes a sair ali mesmo, no balão do aeroporto.

Mas consegui chegar no estacionamento faltando 10 minutos para o avião partir. Enfiei o carro em qualquer vaga, e corri pro balcão da WebJet torcendo para ter perdido o vôo. E como é no segundo andar, minha cabine cativa do banheiro masculino não me saía da cabeça, e o feriadão já me doendo o rabo.

“Sorte a sua, senhor! O vôo está atrasado, acabaram de chamar. Este é o seu cartão. Embarque imediato, portão 7. Tenha uma boa viagem!” – Boa viagem é o cacete! Corri para o embarque, mesa de raio-x, 12 metros, portão 7, assento 16C. Dali em diante foram exatos 28 minutos de pavor, até que as luzes de apertar os cintos se apagassem e eu cambalear até o banheiro minúsculo da parte de trás do avião.

Arranquei as calças, sentei, e fantástica sensação de alívio de finalmente me livrar do feriadão me fez esquecer até onde estava. Turbulência rolando, abri os braços como Jesus Cristo e me segurei nas paredes do cubículo. Estava até achando interessante, dada a facilidade do remelexo em desovar as lembranças e dissipar o enorme odor de minhas entranhas – para quem não sabe, os vasos sanitários dos aviões são químicos, não tem água, e o cheiro só vai embora depois da descarga.

E não é que, no meio de meu ato pessoal e intransferível, ouvi várias batidas na porta e alguém forçando sua abertura? Me equilibrei e segurei com força, tentando impedir aquele ato tão violento. “Senhor, senhor!” berrava a aeromoça. O avião estava caindo? O piloto desmaiou com o cheiro? Eu desmaiei com o cheiro e o avião já pousou? Continuei segurando com força, mas a filha da puta conseguiu abrir a porta. E me pegou lá, calça no chão, testa suada, e o cheiro quase obsceno de todas as cervejas, churrascos e ovos de páscoa do feriadão depositados naquele minúsculo vaso sanitário.

“Está tudo bem, senhor? Precisa de alguma ajuda?” – Não, porra. Tá maluca? Estou vivo, não está vendo? Fechei a porta e perdi a concentração.

Foi quando percebi que, na minha pose de Jesus Cristo no enxofre, apertei acidentalmente o botão de emergência e chamei a aeromoça. Puta protocolo de merda. Puta banheiro de merda. Puta cheiro de merda – literalmente.

O homem nu (ou quase)

Imagem Homem Nu Tenho viajado quase toda semana para o Rio. Fico por volta de 2 ou 3 dias, apenas o tempo necessário para resolver algumas questões de trabalho. E, ao contrário de muita gente, prefiro ficar quietinho no meu quarto de hotel – trabalhando e vendo tv – do que sair pra noitada e voltar bêbado na madrugada.

E e daqui do Rio que escrevo.

Eu não sei se já havia comentado por aqui, mas sou um cara de hábitos. Nada muito extravagante, apenas hábitos que gosto de seguir principalmente longe de casa. Eu gosto de saber o que está pela frente, sem muitas surpresas, do conforto da rotina. Frescuras assim.

Costumo pegar sempre o mesmo vôo de Brasília para o Rio:  o da TAM, às 18:00. Às 19:45 já estou dentro do táxi a caminho do hotel, em Botafogo. Faço o checkin e às 20:30 estou com o telefone na mão pedindo o jantar. Enquanto não chega tomo um banho, ajusto o ar-condicionado para 19 graus, tiro a roupa e fico confortavelmente de cueca (daquelas tipo samba-canção, de seda), meias e uma camiseta surrada. Na privacidade e anonimato do meu quarto, ligo o notebook e coloco a TV num filme idiota qualquer e começo a trabalhar. É sempre assim, com uma pequena variação nos horários.

Pois bem. Hoje resolvi mudar um pouco a rotina e me dei mal. Geralmente acabo de jantar e deixo a bandeja no banheiro – não gosto do quarto cheirando a salmão a noite toda (sim, geralmente é o mesmo prato). Mas dessa vez me deram um com banheiro pequeno. Daí que resolvi deixar a bandeja com o prato sujo no chão do corredor – assim qualquer camareira que passar leva embora.

Excelente idéia, não é mesmo? Às vezes me surpreendo comigo mesmo.

Então peguei a bandeja, deixei a porta entreaberta, olhei para os lados – ninguém à vista, afinal estava de cueca – dei um passo para frente, coloquei a bandeja no chão e… pânico. Porta fechada. Comigo no corredor, de cueca samba-canção de seda, camisa surrada e meias brancas. E a porra da porta não abre por fora sem o maldito cartão de acesso – viva a tecnologia!

E agora? Cadê o interfone mágico que deveria estar no corredor, aquele justamente para os momentos de angústia? E se alguém sofrer um derrame cerebral, como avisar? Quem sabe bato na porta de alguém? Mas a visão de ter um idiota de cueca batendo na porta me fez desistir. Ah! Melhor chamar o elevador – lá provavelmente tem um interfone. Daí ligo pra recepção, e digo que perdi o cartão. Perfeito. Grande idéia.

Botão pressionado, o elevador chega no último andar onde estou, vazio. Entro e procuro o bendito interfone. Mas antes que perceba, a porta se fecha e o elevador começa a descer. Eu de cueca. Meia. Camisa surrada. Excelente situação para quem sofre de prisão-de-ventre.

Engoli o orgulho, qualquer coisa agora era lucro. Dou boa noite à senhora que entrou no quinto andar – em inglês – sem perder a pose. Chego finalmente no saguão, a senhora sai apressada, passo por dois caras com malas que esperavam o elevador, ando uns 10 metros de cabeça erguida, chego à recepção e lá fico esperando a minha vez de ser atendido. Tive a impressão de ter sujado a cueca.

Mas antes que eu pudesse falar qualquer coisa, uma mocinha com um grande sorriso no rosto e atrás do balcão me interrompe:

– Ficou trancado do lado de fora? Já mandei o mensageiro levar o seu cartão. Temos câmeras no corredores, acontece todo dia. Uma vez foi um senhor de toalhas, pela manhã. Pode subir que o mensageiro já deve estar lá. E da próxima vez não se preocupe, e só aguardar. Tenha uma ótima noite, senhor. O café-da-manhã é servido das 6 às 10.

Então tá. Tenho certeza de ter visto alguém se abaixar atrás do balcão. Eu quase perguntei por que não deixam um aviso logo na porta do quarto: “Em caso de estupidez, aguarde! Temos câmeras e queremos rir um pouco”. Fernando Sabino perde.

Vamos falar sobre Gestão?

Eu sempre fui uma cara “corporativo”, mesmo antes de me perder aqui no Cerrado e virar esse blogueiro de meia-tigela que vocês conhecem. Nesta minha longa estrada de vida profissional já trabalhei como escravo estagiário, subordinado, free-lancer, desempregado, vendedor de cerveja na praia, empresário, coordenador, gerente… de tudo um pouco. E tem mais de dez anos que estou no mercado de telecomunicações.

Daí me deu vontade de falar escrever sobre esse mundo que parece tão chato.

O blog Minha Gestão nasceu dessa necessidade de compartilhar informações e experiências sobre Gestão Corporativa e de Pessoas, Administração, Gerência de Projetos, Carreiras e Negócios. Tudo isso de uma forma leve, descontraída e sem complicações. A idéia, lá, é debater assuntos do mundo corporativo sem encher o saco.

Dentre os artigos que publiquei recentemente, destaco dois:

Porque as empresas morrem no Brasil
Apesar das estatísticas, números e informações disponíveis e de fácil acesso pelos empresários, porque ainda assim as empresas continuam morrendo no Brasil?

10 dicas para se trabalhar em equipe
Dicas importantes para se trabalhar em equipe. Não cometa os mesmos erros que eu, e aproveite a oportunidade de conhecer melhor o seu colega de trabalho.

Então, apareça lá no Minha Gestão e comente os artigos, participe das discussões.

Depois me diga o que achou!