A inveja é uma merda

Eu tenhos muitos projetos, uns sozinho e outros bem acompanhado. O Carioca no Cerrado não é o único: falo sobre gestão no Minha Gestão, idiotices no Idiotices, textos católicos no Minha Prece; além de manter em funcionamento (e rendendo) o Diário do Professor do Declev, o REARJ da REARJ, o Fórum da REBEA, o Turista Profissional da Ana, e alguns outros. A lista é grande.

Mas esta última, a Ana, já falei sobre ela aqui. Ana Portugal. Botou na telha de escrever sobre suas mirabolantes viagens pelo mundo. Juro que tentei fazê-la desistir, mas que nada. Continuou. Virou blogueira. Agora a coitadinha foi agraciada com longos 3 dias num dos hotéis/spa/resort/termas mais extraordinários do Brasil: O Ouro Minas Grande Hotel e Termas de Araxá. Com tudo pago; grátis; 0800; na faixa; ou qualquer outro termos que caiba neste contexto.

O hotel? Veja por si:

Fachada do Ouro Minas Grande Hotel e Termas, em Araxá
Uma fachada simples, muito simples.

Imagem aérea do Ouro Minas Grande Hotel e Termas, em Araxá
Um complexo que poderia ser um pouqinho maior, não é?

Lago do Ouro Minas Grande Hotel e Termas, em Araxá
Um lago nada agradável. Tomara que esteja bem gelado!

Acomodações do Ouro Minas Grande Hotel e Termas, em Araxá
Quartinho básico, pouco luxo. Aquilo ali é uma champagne? Desnecessário.

Quer saber o que mais ela vai fazer? Banho de Mel e Massagem Relaxante, Banho de Vinho, Banho de Aveia e Terapia Corporal com Pedras Quentes, Banho de Pétalas e Massagem Express na Cadeira, Drenagem Linfática e outras tantas coisinhas básicas.

A bem aventurada ação é uma iniciativa da Com Você Comunicação, de Belo Horizonte. E vai reunir do dia 28 a 31 de maio um grupo de formadores de opinião para conhecer o hotel durante o Festival Internacional de Cultura e Gastronomia de Araxá.

Ana, aperte o cinto e boa viagem!

Feriadão

Segunda-feira é sempre um dia complicado, principalmente pela manhã. Raras foram as vezes em que marquei algo importante nesse período, como uma reunião de trabalho ou uma visita ao médico. No fim-de-semana chuto o pau da barraca: bebo de tudo, como de tudo e durmo quase nada. Daí que o intestino fica em frangalhos, e é justamente na segunda de manhã que o malandro resolve me lembrar de tudo o que eu fiz nos dias anteriores.

A Cagada no Feriadão
Que grande cagada – por bonecosanimados

Pois bem. Anteontem foi segunda-feira, e resolveram marcar para mim um vôo bem cedo. Pela WebJet, em aviões velhos e aeromoças com uniforme de padaria.

Na verdade não era tão cedo assim, mas não dava tempo de deixar o fim-de-semana descer pelo vaso sanitário calmamente como manda o figurino antes de me aventurar em qualquer coisa longe do conforto da minha suíte.

Então tomei um banho, levei as crianças na escola, voltei, e só deu tempo de me arrumar, pegar a mala e correr para o aeroporto. Com um pensamento fixo de deixar a lembrança do feriadão numa daquelas cabines do banheiro masculino do aeroporto de Brasília – aliás, no segundo andar, perto dos balcões das companhias aéreas, os banheiros são excelentes: limpos e vazios. Vale a visita.

Mas esqueci da porra do trânsito. Ouvi o Max Gheringer na CBN, as merdas do Boechat e a Mônica Bérgamo na BandNews, uma ou duas músicas do Legião Urbana no CD e quando voltei pra BandNews e entrou o Simão eu já suava como um porco: primeiro pela hora, que já devia ter embarcado; segundo pelo feriadão, prestes a sair ali mesmo, no balão do aeroporto.

Mas consegui chegar no estacionamento faltando 10 minutos para o avião partir. Enfiei o carro em qualquer vaga, e corri pro balcão da WebJet torcendo para ter perdido o vôo. E como é no segundo andar, minha cabine cativa do banheiro masculino não me saía da cabeça, e o feriadão já me doendo o rabo.

“Sorte a sua, senhor! O vôo está atrasado, acabaram de chamar. Este é o seu cartão. Embarque imediato, portão 7. Tenha uma boa viagem!” – Boa viagem é o cacete! Corri para o embarque, mesa de raio-x, 12 metros, portão 7, assento 16C. Dali em diante foram exatos 28 minutos de pavor, até que as luzes de apertar os cintos se apagassem e eu cambalear até o banheiro minúsculo da parte de trás do avião.

Arranquei as calças, sentei, e fantástica sensação de alívio de finalmente me livrar do feriadão me fez esquecer até onde estava. Turbulência rolando, abri os braços como Jesus Cristo e me segurei nas paredes do cubículo. Estava até achando interessante, dada a facilidade do remelexo em desovar as lembranças e dissipar o enorme odor de minhas entranhas – para quem não sabe, os vasos sanitários dos aviões são químicos, não tem água, e o cheiro só vai embora depois da descarga.

E não é que, no meio de meu ato pessoal e intransferível, ouvi várias batidas na porta e alguém forçando sua abertura? Me equilibrei e segurei com força, tentando impedir aquele ato tão violento. “Senhor, senhor!” berrava a aeromoça. O avião estava caindo? O piloto desmaiou com o cheiro? Eu desmaiei com o cheiro e o avião já pousou? Continuei segurando com força, mas a filha da puta conseguiu abrir a porta. E me pegou lá, calça no chão, testa suada, e o cheiro quase obsceno de todas as cervejas, churrascos e ovos de páscoa do feriadão depositados naquele minúsculo vaso sanitário.

“Está tudo bem, senhor? Precisa de alguma ajuda?” – Não, porra. Tá maluca? Estou vivo, não está vendo? Fechei a porta e perdi a concentração.

Foi quando percebi que, na minha pose de Jesus Cristo no enxofre, apertei acidentalmente o botão de emergência e chamei a aeromoça. Puta protocolo de merda. Puta banheiro de merda. Puta cheiro de merda – literalmente.